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A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

Um blog para todas as mulheres depois dos “entas” . Mulheres que, na plenitude das suas vidas, desejam celebrar a liberdade de assumirem a sua idade, as suas rugas, os seus cabelos brancos e que querem ser felizes

A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

Não se faça em pedaços para manter os outros completos

Frequentemente ficamos em pedaços para manter os outros completos, para não abrir feridas ou não deixar que sangrem mais  aquelas que já têm. Fazemos isso sem nos darmos conta ou, pelo menos, sem darmos importância a isso.

Quando nos acostumamos a dar sem receber acabamos sentindo que dedicar-nos a nós mesmos é algo egoísta, mas nada mais longe da verdade. A troca é essencial em toda relação e toda a pessoa precisa dela própria sendo um ser emocional.

Amar a nós mesmos é algo que devemos cultivar todos os dias para nos mantermos completos. Porque quando estamos despedaçados temos como consequência directa  o sofrimento, e este não deixa que possamos dar o melhor de nós mesmos.

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Quando ficamos em pedaços?

- Ficamos em pedaços quando deixamos de cuidar de nós;

- Ficamos em pedaços quando evitamos fazer aquilo que gostamos;

- Despedaçamo-nos quando deixamos de cultivar a nossa felicidade ou quando adiamos os nossos interesses;

- Partimo-nos em pedaços quando não nos escutamos nem nos ajudamos;

- Partimo-nos em pedaços quando priorizamos as necessidades dos outros e não prestamos atenção às nossas;

- Partimo-nos em pedaços quando queremos ser perfeitos e deixamos de ser nós mesmos;

- Partimo-nos em pedaços quando tentamos agradar e maquilhar a nossa realidade ou a nossa opinião;

- Quando nos esquecemos do que precisamos e nos obrigamos a passar na frente de nossas necessidades desejos dos outros;

- Partimo-nos em pedaços quando transformamos o sacrifício numa obrigação;

- Partimo-nos em pedaços quando achamos que somos pessoas más,  porque nos afastamos de um ambiente que nos faz mal para respirarmos  aliviados;

- Partimo-nos em pedaços quando cedemos a chantagens emocionais e favores que impedem o nosso próprio crescimento;

- Partimo-nos em pedaços quando sacrificamos o nosso bem-estar e nos deixamos levar pela inércia de quem nos acompanha, mas nos atrasa, deixando de lado o que nos agrada para fazer com que os outros se sintam bem.

 

É complicado sim, por isso devemos optar pelo equilíbrio entre as paixões, o cuidado e a dedicação a si mesmo e ao outro. Se assim fizermos, viveremos deliciosamente contemplando a nossa essência plena, sem excepções ou poréns.

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Às vezes devemos esquecer o que sentimos para lembrar o que merecemos

Quando não temos reciprocidade estamos sendo agressivos com o princípio do equilíbrio, que devemos manter sempre, para termos sucesso em  mantermo-nos completos e não nos despedaçarmos.

Devemos lembrar que as relações afectivas não são uma mera interacção, mas exigem uma troca equilibrada e satisfatória que faça sentido quando colocada na nossa balança social e afectiva.

Ou seja, não podemos fazer das nossas relações apenas uma oportunidades de “dar”, mas também devemos procurar que haja um equilíbrio com o “receber”. Isso não é egoísta nem mesquinho, mas sim enriquecedor.

Quem dá tudo na primeiro pessoa, quem se oferece inteiramente aos outros, não recebe nada em troca e não trabalha em si mesmo, termina sentindo-se vazio e maltratado. Não podemos deixar de lado a nossa auto-estima para procurar a felicidade alheia, pois acabamos sendo vítimas da nossa própria atitude.

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Só jogando com o interesse pessoal e o alheio podemos cultivar o nosso próprio desenvolvimento sem deixar de lado o outro. Ou seja, mantendo a balança equilibrada, numa linha recta e perfeita.

 

Dar e receber são partes de um todo. Quando alcançado, esse todo faz-nos sentir capazes de amar e merecedores de amor e reconhecimento. Baseando-se nisso devemos ser capazes de:

  • Ao mantermos os nossos direitos: pode ser que nalgum momento haja algo que não nos faça bem ou que, simplesmente, não nos agrade fazer. Nesse momento devemos fazer valer o nosso direito de manter o nosso próprio espaço.
  • Cultivar os nossos interesses e passatempos: esta é a base para a satisfação, para a felicidade e para o crescimento pessoal. É importante que não deixemos de nos cuidar e de dar alimento aos nossos desejos.

Lembre-se de que as grandes mudanças sempre vêm acompanhadas de algumas dificuldades. Ainda que a mudança doa e seja incómoda, a melhora gradual mostrar-lhe-à que longe de ser um fim, é a oportunidade do início de um grande momento emocional.

¸.•´*¨`*•✿

 

Fonte: AMenteÉMaravilhosa

 

Mandy MartinsPereira escreve de acordo com a antiga ortografia.

Como me sinto por estar a envelhecer ?

Velha sorrindo

 

Um dia destes uma jovenzinha perguntou-me como me sentia por estar a envelhecer.

Fiquei siderada, porque não me vejo a envelhecer. Ao notar minha reacção, a garota ficou embaraçada, mas fiz questão de lhe explicar que era uma pergunta interessante, que ia pensar no assunto e, depois, voltaria a falar com ela.

Fui para casa e fui ver-me ao espelho.

Oh, não o meu corpo! Fiquei incrédula  ao examinar-me e ao ver as minhas rugas, a flacidez da minha pele, os pneus rodeando o meu abdómen, através das grossas lentes dos meus óculos, o traseiro rotundo e os seios já caídos. E, uma vez mais, examinei essa pessoa envelhecida que mora  no meu espelho (e que se parecia mais com a minha mãe), e sofri muito com isso.

Após a decepção inicial pensei melhor, revi-me de novo e concluí: afinal a velhice até é um presente. Eu sou agora, provavelmente pela primeira vez na vida, a pessoa que sempre quis ser e porquê ?

Porque não trocaria os meus amigos fantásticos, a minha vida maravilhosa,  o carinho de minha família por menos cabelo branco, por uma barriga mais lisa ou por um traseiro mais durinho.

Enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais condescendente comigo mesma, menos crítica com as minhas atitudes. Tornei-me amiga de mim mesma. Não fico mais s censurar-me se porque quero comer um docinho a mais, ou se tenho preguiça de arrumar a minha cama, ou se comprei um bugiganga que não preciso, mas que gostei tanto. Conquistei o direito de saciar  as minhas vontades, de ser brincalhona, de ser extravagante.

Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento. Quem vai censurar-me se resolvo ficar a ler ou a navegar na net até às 4 da manhã e, depois, só acordar ao meio-dia?

Posso dançar ao som daqueles sucessos maravilhosos das décadas de 50, 60, 70 e se, de repente, me apetecer chorar ao lembrar alguma paixão daquela época, poder chorar mesmo!

Posso andar pela praia com um fato de banho excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulhar nas ondas e, se quiser, andar aos pulos, apesar dos olhares penalizados dos outros. Não me ralo porque também eles se conseguirem  fazer o que eu faço, é porque vão chegar à minha idade.

Sei que ando a esquecer-me de muita coisa, o que é bom para me poder perdoar. Mas, pensando bem, há muitos factos na vida que merecem mesmo ser esquecidos. E das coisas importantes, eu recordo-me bem e frequentemente. É verdade que, ao longo dos anos, o meu coração sofreu muito, mas como não sofrer se se perde um grande amor, ou quando uma criança sofre, ou quando um animal de estimação é atropelado por um carro? Mas corações partidos são o que nos dá a força, a compreensão e nos ensina a ter compaixão. Um coração que nunca sofreu, é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser forte, apesar de imperfeito.

Sou abençoada por ter vivido o suficiente para ver o meu cabelo embranquecer e ainda poder arranjá-lo a meu bel-prazer, e por ter os risos da juventude e da maturidade gravados para sempre em sulcos profundos no meu rosto. Muitos nunca rirão e muitos morrerão antes que os seus cabelos possam ficar prateados.

À medida que envelhecemos, fica mais fácil ser positivo, ligar menos ao que os outros pensam. Não me questiono mais. Conquistei o direito de estar errada e não ter de dar explicações. Assim, respondendo à pergunta daquela jovem graciosa, posso afirmar: “Eu gosto de ser velha. Pude Libertar-me!

(Texto adaptado)

 

Imagem : Web

 

Mandy MartinsPereira escreve de acordo com a antiga ortografia.