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A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

Um blog para todas as mulheres depois dos “entas” . Mulheres que, na plenitude das suas vidas, desejam celebrar a liberdade de assumirem a sua idade, as suas rugas, os seus cabelos brancos e que querem ser felizes

A Senhora Dança? A Mandy pelas danças da vida.

CANSEI-ME

ESGOTAMENTO - CANSAÇO

 

Cansei-me de tentar entender quem está ao meu lado, quem está contra mim ou quem está em cima do muro por medo de se posicionar.

Tornei-me indiferente a opiniões alheias, e pouco me importo com críticas destrutivas, principalmente vindas de pessoas hipócritas, demagogas, que vivem de mentiras.

Não preciso provar nada a ninguém, não preciso de ser aceite ou agradar a todos. A minha consciência está tranquila, porque sou exactamente o que quero ser.

Lealdade para mim não é simplesmente uma palavra, é um estilo de vida, uma regra

Cansei

 

A minha vida mudou quando eu, simplesmente, deixei de me importar com tudo o que não é, de facto, importante. Eu não mudei por causa de um amor, ou uma desilusão, não eu não mudo por si nem por influência de ninguém.

Eu mudei porque percebi que a vida era curta demais para condicionar a minha felicidade a pessoas e acontecimentos externos. Eu, finalmente, entendi que a única pessoa capaz de transformar solidão em companhia, tristeza em alegria, dor em amor, era, e sempre fui, eu mesma.

Eu aprendi a viver um dia de cada vez, às vezes com muita sensatez, às vezes fazendo tudo errado, porque eu tenho muitos defeitos para ser perfeita, mas sou muito abençoada para ser ingrata.

E foi errando que eu aprendi lições maravilhosas sobre a vida, sobre as pessoas, sobre o amor, sobre a dor, e o mais importante, sobre mim, sobre quem eu sou de verdade.

Eu não tenho muito, mas tenho paz. Eu não sou melhor do que ninguém, mas sou bem melhor do que ontem.

 

Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia

 

Texto adaptado do original de Wandy Luz

Imagens : Web

 

Mulheres que deixam o tempo agir naturalmente

Sem maquilhagem 1

 

Por que postar “selfies” nas redes sociais sem maquiagem virou um desafio? Por que mostrar o rosto limpo, sem retoques de cosméticos ou efeitos “embelezadores” dos filtros disponíveis nos aplicativos de fotografia, se tornou sinónimo de transpor barreiras, superar tabus e bater de frente com convenções sociais? O fenómeno que mobiliza famosas e anónimas do mundo inteiro faz parte da campanha norte-americana “Stop the beauty madness” (Pare a loucura da beleza), lançada pela escritora Robin Rice (na imagem), que se autoproclama “artista das mudanças sociais”. Quem adere à proposta e publica fotos “ao natural” incita outros amigos a fazer o mesmo, criando uma verdadeira corrente contra os padrões estéticos.

robin-rice

 

É a velha polémica entre aquelas que tentam manter a aparência jovem, seja a que custo for, e as querem assumir a idade de peito aberto, sem nenhum subterfúgio. Estas fazem questão de não esconder nada: o cabelo branqueando, as manchas de cores variadas que surgem na pele aqui e ali e nem as rugas.

Mas a pergunta ainda permanece. Por que tirar fotos mostrando as imperfeições, manchas, rugas, olheiras e flacidez se tornou uma provocação? Simplesmente porque muitos a vêem assim. A revelação e a surpresa que estão por trás da atitude dão à campanha o carácter de desafio. Mas o sentimento só é despertado em quem o reconhece de facto.

As donas de belos cabelos grisalhos, corpos e rostos nunca retocados por cirurgias plásticas e orgulhosas de mostrar uma beleza natural, dificilmente ofuscada por bases, pós e blush, elas não têm qualquer dificuldade em aparecer de cara limpa. Assumem as marcas da idade e deixam o tempo agir naturalmente, sem neuras, vergonhas, ou qualquer outro sentimento que possa motivar a busca desenfreada e desmedida pela juventude e por um padrão estético contestável.

Jamie Lee Curtis

 

Não se trata de desleixo, mas de um cuidado saudável. É preciso ter uma postura e uma autocrítica para envelhecer com qualidade. Equilíbrio, segurança e autoconhecimento são elementos importantes para assumir estas decisões.

Ninguém falou em abandonar de vez o estojo de maquilhagem, deitar fora os cremes ou excluir de vez o cabeleireiro da lista de compromissos. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Não há mal nenhum em pintar o cabelo, fazer uma drenagem linfática ou um tratamento dermatológico para melhorar o aspecto da pele. “Romper com os apelos criados é muito complicado e não é obrigatório fazê-lo. Não é preciso brigar com a sociedade e abrir mão dos recursos que estão disponíveis. O que se almeja é o equilíbrio

 

Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortigrafia

 

Texto adaptado do original editado no Portal Uai

 

Imagens : Web

"Se escolher amar uma mulher desperta"

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Se escolher amar uma mulher desperta, deverá compreender que está a entrar num território novo, radical e exigente. Se escolher amar uma mulher desperta não pode, nem poderá, continuar adormecido.

Se escolher amar uma mulher desperta cada parte da sua alma será despertada, não apenas os seus órgãos sexuais, mas também o seu coração. Todavia, se o que pretende é uma vida normal, então procure com uma mulher normal.

Mulher desperta - Jarek-Puczel.-Lovers

Jarek-Puczel.-Lovers

 

Se deseja uma vida dócil, procure uma mulher que decidiu ser submissa. Se deseja apenas mergulhar o dedo do pé nas águas que correm de Shakti(*), mantenha-se com aquela  mulher normal, que ainda não mergulhou na fúria do oceano sagrado feminino. É fácil amar uma mulher que ainda não activou os seus poderes sagrados internos, porque ela nada exigirá.

Ela não o porá à prova.

Ela não exigirá que se torne o mais alto Ser que pode ser.

Ela não acordará as partes esquecidas e anestesiadas do seu Espírito, pedindo que se lembre que há mais possibilidades de vida.

Ela não vai olhar bem no fundo dos seus olhos cansados, enviando raios de Verdade através do seu corpo, balançando-o, acordando-o e sacudindo os seus desejos perdidos há muito dentro de si.

Se isso não for suficiente para si - se o seu coração, corpo e espírito anseiam pela "Outra Mulher" - então deve saber que está prestes a transformar a Alma. Deve saber que está fazendo uma escolha séria com consequências cármicas,  pois, se decidir adentrar a aura e o corpo de uma mulher, cujo fogo espiritual queima, saiba, então,  que anseia por um certo nível de risco e perigo, com o propósito de crescer. Ao começar a amar uma mulher desta natureza deve aceitar essa responsabilidade.

A sua vida não será mais confortavelmente sonolenta o tempo todo. A sua vida não permitirá que fique preso aos velhos sulcos e rotinas estagnadas, pois ela - A Vida - assumirá radicalmente um novo sabor e aroma.

Será inflamado pela presença do selvagem feminino e irá sintonizar-se com o chamado Divino.

A escolha de ser sexual e amorosamente íntimo de uma mulher desperta, é para os homens que precisam de coragem para caminhar sem medo do desconhecido, mas, este homem, vai colher recompensas além da compreensão da sua mente. Ela levá-lo-à a mundos desconhecidos de mistério e magia. Ela vai levá-lo hipnotizado e meio entorpecido de amor, às florestas selvagens do êxtase sensual e da admiração. Ela não vai fugir da sua "escuridão", porque a sua escuridão não vai assustá-la. Ela dirá palavras que a sua Alma entende.

É um risco enorme amar uma mulher desperta, porque, de repente, não há um lugar para se esconder. Ela vê tudo, para que ela possa amar com profundidade. Amar uma mulher como esta é escolher começar a viver com a sua Alma no fogo. A sua vida nunca mais será a mesma, uma vez que convidou esta energia para entrar em si.

Certifique-se, caso escolha amar uma mulher desperta,  que escolheu não passar o resto da vida olhando para trás sobre o seu ombro, tentando ver mais uma vez a visão turva de mistério feminino que desapareceu da sua vista. Pois ela terá voltado para as estrelas e galáxias distantes do céu...de onde ela veio.

 

Mandy Martins –Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia.

 

Texto Traduzido e adaptado do original de Sophie Bashford

Imagens : WEB

 

(*) Shakti  - No pensamento indiano existem muitos seres divinos (Devas), masculinos e femininos. Existe uma Deusa (Devi) que está acima de todos os Deuses. Ela é chamada de Maha Devi (a Grande Deusa), ou Shakti (a Poderosa). A sua característica principal, como o seu próprio nome diz, é o Poder (poder feminino absoluto). Ela é activa, dinâmica, sendo considerada como a energia que move todo o universo (inclusive os Devas). Em comparação com ela, os Devas são inertes, inactivos, passivos. Shakti, o poder feminino, está presente, de acordo com o Tantra, em todas as coisas e todos os seres do universo – mas de forma muito mais forte e significativa nas mulheres.

Shkati

 

 

SOBRAS

Ilusão de óptica. 1jpg

Eu já fui tanta coisa. Fui artista sem plateia. Palhaça sem fazer ninguém sorrir. Professora sem aluno. Errante sem caminho. Perdida sem direcção. Malabarista na estrada.

Costureira de sentimentos rasgados. Menina sem inocência. Menina a imitar gente grande. Doutora sem diploma. Artesã sem criatividade. Pintora de ilusões. Contadora de histórias sem pés nem cabeça. Passarinho sem asas para voar. Borboleta no casulo.

Já fui grande no coração. Pequena na fragilidade. Cantora sem nenhuma partitura.

Fui amante e amada e fiz loucuras por amor. E nas muitas coisas que fui, também mudei algumas que não gostei. Mudei de profissão, mudei a cor do cabelo, mudei de casa, de cidade; de estado civil inclusive, mudei a rota, mudei o tom, mudei os critérios, mudei a frase, troquei a pilha, rompi os vínculos e tive que refazê-los depois. Concordei, discordei. Disse não, disse sim tantas vezes.

Já fui quase tudo sem ser nada. Fui de invernadas friorentas, teimando em sentir calor. Procurei flores murchas. Já fui escuro. Claridade. Opaca por decisão. Fui da Terra com os pés na Lua.

Psicóloga sem habilidade. Bailarina sem saber dançar. Fui menina atrapalhada. Rainha sem reinado.  sem palavras. Silêncio cheio de ruídos. Beata sem rosário e até santa sem santidade. Fui pecadora inocente. Culpada sem merecer.

Fui mulher da vida, só na rua. Menina de família, órfã. Amante sem um amor. Bandida do coração. Estrangeira sem tradução.

Ilusão de óptica

Fui sem causa. Sem lei. Sem jeito. Sem tecto. Sem Sol. Sem doçura e sem pieguice.

Escrevi poemas. Reatei amores. Apaguei paixões. Comprei vestidos. Ajudei e esqueci o que fiz. Presenteei. Perdoei. Briguei. Abaixei a cabeça. Levantei a crista achando que eu era boa. Estudei o que eu achei que devia e cheguei à conclusão que deveria ter estudado mais. Exagerei na dose. Perdi a paciência. Voltei atrás. Rompi e refiz laços tantas vezes. Comprei guerras muito caras. Esqueci. Perdoei. Magoei e fui magoada. Disse sim, não, talvez, espere um pouco, deixe da mão.

Aprendi coisas novas e esqueci coisas velhas. Comecei projectos errados. Conclui trabalhos acertados. Embebedei-me. Engoli sapos. Apanhei sustos. Tive equívocos. Errei os erros previstos e não cometi todos os acertos programados. Molhei as plantas. Colhi flores. Alimentei os pássaros. Escrevi e rasguei. Reescrevi e guardei. Molhei travesseiros e disse que era a última vez. Tornei a molhar várias outras últimas vezes. Amei rápido demais. Esqueci devagar. Perdi o encanto e sem querer o encontrei.

Fui tola demais. Muito esperta. Ganhei o jogo. Perdi o amor e o mundo quase acabou na minha cabeça. No outro dia, no mesmo lugar, estava o mundo igualzinho ao que eu deixei. Cantei. Chorei. Dancei. Fiquei emburrada. Sai sem rumo.

Não fiz nada sobrenatural. Não salvei o mundo e não consegui salvar-me. Vivi os erros. Comemorei os acertos. Escrevi no caderno. Marquei na linha da vida. Fui luz apagada. Borbulhas sem gás. E na imaginação fui até rima, poeta sem inspiração, mas isso meu caro foi tudo sonho numa noite sem Verão.

Agora, quero apertar o “play” para o novo que está a minha porta e fazer o que ainda falta. Com sonhos novos. Doses de coragem sem saber de muita coisa, aliás, eu só sei que numa horinha dessas, eu chego a algum lugar. Roma, Paris, ou talvez apenas no meu quarto.

Feliz, sorte, coragem, fé ou sei lá o quê, para tudo que começa outra vez.

 

Mandy Martins Pereira escreve de acordo com a antiga ortogafia

 

Texto adaptado de um original de : Ita Portugal

 

Imagens : Web

A Lei Do Retorno É Infalível

Lei do retorno

Pode demorar, mas receberemos sempre na medida exacta do que oferecemos. Nada mais, nada menos do que isso. Não raro, costumamos achar que estamos a ser tratados injustamente ou de uma forma desagradável pelas pessoas que nos rodeiam. É como se estivéssemos a receber muito menos do que, verdadeiramente, queremos ou pensamos que merecemos. Assim, passamos a colocar a culpa do que nos acontece, tão-somente, nas pessoas e no mundo lá fora, impedindo-nos de nos vermos como personagens nas nossas histórias, uma vez que, nessa óptica, seremos meros joguetes nas mãos dos outros.

E, assim, vamos passando os dias lamentando as supostas injustiças que nos vão sendo impostas, recheando as nossas amarguras com os tratamentos que julgamos descabidos por parte das pessoas que convivem connosco, sentindo-nos mal amados, mal interpretados, mal vistos e desvalorizados. Afinal, ninguém parece entender-nos ou perceber os potenciais que possuímos, como se estivéssemos a ser subutilizados em todos os sectores de nossas vidas.

Lei do retorno 1

Por essa razão é que jamais poderemos fugir ao enfrentamento de nós mesmos, analisando racionalmente o que estamos a oferecer, como nos estamos a comportar, vendo-nos a nós próprios, na forma como estamos a tratar as pessoas, nas palavras que usamos, no tom de voz que colocamos, no olhar que dirigimos ao mundo lá fora. Muitas vezes, apenas estamos recebendo de volta exactamente o que oferecemos, nada mais nada menos do que isso.

Caso consigamos perceber a forma como as pessoas nos vão vendo, e o que o mundo vem recebendo de nós, muito provavelmente entenderemos as várias coisas que nos acontecem, tendo a consciência de que o que nos chega não é tão injusto assim, é sim o retorno na mesma medida. Muitas vezes, o que damos é nada, ou quase nada, tratando mal as pessoas, ignorando-as e menosprezando-as, fechando-nos aos encontros, e a tudo o que está fora de nós. Como é que poderão ver algo que não mostramos? Como é que poderão ver-nos, se nos fecharmos por dentro?

Embora exista quem não consiga fazer outra coisa que não seja azucrinar a vida de quem quer que seja,  pessoas há, muitas com quem conviveremos, que estarão abertas a receber o nosso melhor e a fazer bom uso de tudo o que oferecemos, valorizando-nos e tratando-nos com o devido respeito. É preciso, portanto, que nos permitamos o compartilhar transparente das nossas verdades, para que elas nos tragam o retorno afectivo que enriquecerá as nossas  vidas, onde e com quem estivermos, porque merecemos, sempre, receber de volta o que oferecemos.

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Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia.

 

Texto adaptado de um original de Marcel Camargo (*)

Imagens : Web

(*) Marcel Camargo é Graduado em Letras e Mestre em “História, Filosofia e Educação” pela Unicamp/SP.

A falsa liberdade e a Síndrome do “TER DE” - "Eu tenho de fazer o que se espera de mim. Tenho de ambicionar esses bens, esse status, esse modo de viver – ou serei diferente, e estarei fora." LYA LUFT

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A Síndrome do "TER DE" é uma manifestação típica do nosso tempo, contagiosa e difícil de curar porque se alimenta da nossa fragilidade, do quanto somos impressionáveis, e da força do espírito de rebanho que nos condiciona a seguir os outros. Eu tenho de fazer o que se espera de mim. Tenho de ambicionar esses bens, esse status, esse modo de viver – ou serei diferente, e estarei fora.

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Temos muito mais opções agora do que há alguns anos atrás, as possibilidades que se abrem são incríveis, mas escolher é difícil: temos de realizar tantas coisas, são tantos os compromissos, que nos falta o tempo para uma análise tranquila, uma decisão sensata, um prazer saboreado.

Temos de ser, como escrevi tantas vezes, belo, jovem, desejado, bom na cama (e no computador), ou temos de ser o pior, o mais relaxado, ou o mais drogado, o chefe do grupo, a mais sedutora, a mais produzida. Outra possibilidade é ter de ser o melhor pai, o melhor chefe, a melhor mãe, a melhor aluna; seja o que for, temos de estar entre os melhores, fingindo não ter falhas nem limitações. Ninguém pode contentar-se em ser como pode: temos de ser muito mais que isso, temos de fazer o impossível, o desnecessário, até o absurdo, o que não nos agrada –  ou estamos fora.

Temos de rir dos outros, rebaixar ou denegrir nem que seja o mais simples parceiro de trabalho ou o colega de escola com alguma deficiência ou dificuldade maior.  Temos de aproveitar o mais que pudermos, e isto muitos pais incutem nos filhos: case tarde, aproveite antes! (O que significa isto?)  Temos de beber em preparação para a balada, beijar o maior número possível de bocas em cada noite, em suma, tem de.

A propaganda atordoa-nos : temos de ser grandes bebedores (daquela marca de bebida, naturalmente), comprar o carro mais incrível, obter empréstimos com menores juros, fazer a viagem maravilhosa, ter a pele perfeita, mostrar os músculos mais fortes, usar o mais moderno telemóvel, ir ao resort mais sofisticado.

Até no luto temos de assumir novas posturas: sofrer vai ficando fora de moda.

Contrariando a mais elementar psicologia, mal perdemos uma pessoa amada, todos nos instigam a passar por cima. “Não chore, reaja”, é o que mais ouvimos. “Limpe a secretária dele, tire tudo do armário dela, troque os móveis, roupas de cama, mude de casa.” Tristeza e recolhimento ofendem a nossa paisagem de papelão colorido. Saímos do velório e esperam que se vá depressa pegar a maquilhagem, correr para o ginásio, tomar o antidepressivo, depressa, depressa, pois os outros não aguentam mais, quem quer saber da minha dor?

O “ter de” faz-nos correr por aí com algemas nos tornozelos, mas talvez nós só quiséssemos ser um pouco mais tranquilos, mais enraizados, mais amados, com algum tempo para apreciar as coisas pequenas e reflectir. Porém, temos de estar à frente, ainda que na fila do transporte.

Se pensar bem, verei que não preciso ser magro nem atlético nem um modelo de funcionário, não preciso ter muito dinheiro ou conhecer Paris, não preciso nem mesmo de ser importante ou bem-sucedido. Precisaria, sim, ser um sujeito decente, encontrar alguma harmonia comigo mesmo, com os outros, e com a natureza na qual fervilha a vida e a morte é apaziguadora.

Em lugar disso, porém, abraçamos a frustração, e com ela a culpa.

A culpa, disse um personagem de um filme, “e como uma mochila cheia de tijolos.  Carregamo-la, de um lado para o outro, até o fim da vida. Só tem uma forma : deitá-la fora”. Mas ela tem raízes fundas em religiões e crenças, em ditames da família, numa educação pelo excessivo controlo ou na “deseducação” pela indiferença, na competitividade no trabalho e na pressão do nosso grupo, que exige coisas demais.

Dizem que devemos informar-nos melhor, mas quanto mais informação, mais dúvidas; quanto mais abertura, mais opções; quanto mais olhamos, mais se expande o écran onde se projectam nosso desejos.

Nesta rede de complexidades, seria bom resistir à máquina da propaganda e procurar a simplicidade, não sucumbir ao impulso da manada que corre cegamente, em frente. Com sorte, vamos até enganar o tempo sendo sempre jovens, sendo, quem sabe, imortais com nariz diminuto, boca ginecológica e olhar fatigado num rosto inexpressivo. Não nos faltam recursos: a medicina, a farmácia, o ginásio, a ilusão, estendem-nos ofertas que incluem músculos artificiais, novos peitos, pele de porcelana, e grandes espelhos, espelho, espelho meu. Mas nós nem sabemos bem, onde nos estamos a meter, e toca a correr porque ainda não vimos tudo, não fizemos nem a metade, quase nada entendemos. Somos eternos devedores.

Ordens aqui e ali, alguém sopra as falas, outro desenha os gestos, vai sair tudo bem: nada depressivo nem negativo, tudo tem de parecer uma festa, noite de estreia com adrenalina e aplausos ao final.

 

Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia

 

Texto adaptado do original de Lya Luft in "Múltipla escolha"

 

Imagem : Web

A vida tem duas faces: Positiva e negativa O passado foi duro, mas deixou o seu legado Saber viver é a grande sabedoria. Que eu possa dignificar a minha condição de mulher, aceitar suas limitações e me fazer pedra de segurança dos valores que vão d

cora-coralina

Um dia perguntaram a Cora Coralina (poetisa que viveu até aos 95 anos):

– O que é viver bem?

E ela respondeu:

“Eu não tenho medo dos anos e não penso na velhice. e digo também para si: não pense. Nunca diga estou envelhecendo ou estou a ficar velha. Eu não digo. Eu não digo que estou a ouvir pouco. É claro que quando preciso de ajuda, digo que preciso.

Procuro sempre ler e estar actualizada com os factos e isso ajuda-me a vencer as dificuldades da vida.

O melhor roteiro é ler e praticar o que se lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia.

Também não diga para si mesma, que está a ficar esquecida, porque assim fica mais ainda.

Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou óptima.

Não digo nunca que estou cansada. Nada de palavras negativas. Quanto mais diz que está a ficar cansada e esquecida, mais esquecida fica. Vai-se convencendo disso e convence os outros.

Então silêncio!

Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não.

Acha que eu sou? Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias a minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.

O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.

Procuro semear optimismo e plantar sementes de paz e justiça.

Digo o que penso, com esperança.

Penso no que faço, com fé.

Faço o que devo fazer, com amor.

Eu esforço-me para ser cada dia melhor, pois

BONDADE TAMBÉM SE APRENDE.” - Cora Coralina

 

Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia.

 

Imagem : Web

 “Tenho de agradecer sempre por estar viva. Tenho demasiados amigos que estão doentes ou morreram, e eu estou aqui. Não posso queixar-me” Meryl Streep

Meryl Streep

 

Ultimamente tenho  reflectido muito sobre a maturidade, esta que é a derradeira  fase da nossa existência. Sempre fui contra a expressão “melhor idade”. Na verdade, achava ridículo chamar a esta etapa da vida  a melhor de todas. Mas o que tenho descoberto  é que, em vários aspectos, ela é realmente melhor. Por exemplo, nunca me senti tão livre. Nunca a opinião alheia sobre mim foi tão “desimportante” como agora. Nesta altura, praticamente só faço o que quero. E ficar sozinha comigo mesma nunca foi tão bom. Melhor idade? Não, não é. Também não é a pior, embora nesta faixa etária as doenças comecem a aparecer, a decadência física seja inevitável e, o pior, as perdas se sucedam. Mas, como diz a actriz Meryl Streep, temos de “abraçar” o nosso envelhecimento.

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Juventude é tudo, dizem os comerciais. na televisão, que insistem na ideia de que só é feliz quem consegue prolongar, eternamente, o corpo, o rosto e os desejos que tinha aos 20 anos de idade. Pois eu discordo veementemente. Acredito que a maturidade tenha muitas vantagens. Perde-se em beleza e viço, mas se ganha em sapiência e em  paz interior. Eu prefiro a segunda opção. O que mais se ganha ou se perde com o passar dos anos? Para “colocar na balança” escrevi a minha listinha. Faça a sua também.

 

O que se ganha com a maturidade

– Ficar em casa nas noites de sábado deixa de ser um sofrimento. Ver um filme no DVD ou ler um livro passa a ser um bom programa;

– Não sofremos mais porque não temos uma "trapinho" novo para cada festa. Pelo contrário, passamos a entender que menos é mais;

– Deixamos de nos preocupar com o que os nossos namorados (quem os tenha, evidentemente) estão a fazer, quando não estão connosco. Passamos a acreditar que as pessoas só ficam juntas se quiserem. Caso contrário, vai cada um para o seu lado;

– Entendemos que tudo passa, e que o sofrimento e a angústia fazem parte da vida de todos, assim como os momentos felizes, e que precisamos encará-los com serenidade;

– Os sonhos de consumo são outros. No meu caso, escrever, fotografar, viajar, estar com amigos do coração, bebericar algo à lareira, … Bens materiais não são mais a meta. Em vez disso é bem  melhor acumular experiências;

– Aprendemos que ninguém precisa de ter uma multidão de amigos para ser feliz. Bastam poucos e bons;

– Aceitamos que os quilos a mais não são o fim do mundo. Um bom prato, ainda que muito calórico,  um chocolate meio amargo ou uma taça de espumante confortam a alma;

– Adquirimos sabedoria para entender qual a hora de falar e a de ficar calado. Saber ouvir e saber calar passam a ser grandes qualidades:

– Temos paciência para esperar que as coisas aconteçam;

– Deixamos de fazer planos a  longo prazo para viver o hoje,  porque nos damos conta da finitude da vida;

– Valorizamos mais a companhia da família, até porque sabemos que ninguém é eterno;

 

O que se perde com a maturidade

– A beleza e o viço próprios da juventude;

– A saúde quase sempre perfeita;

– A coragem para arriscar-se em aventuras.

– Os sonhos, que são muitos e loucos;

– A esperança de mudar o mundo e, isto, é o que mais me dói.

Acreditava que a minha geração mudaria isto que está aí – fomes, guerras, revoluções, corrupções, descasos, abandonos, terror.

 

Mandy Martins-Pereira escreve de acordo com a antiga ortografia.

 

Texto adaptado de um artigo de Viviane Bevilacqua.

 

Imagens : Web

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